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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Alheio às ausências, Magnano diz: 'Não me permito pensar em perder'

Técnico do Brasil esquece desfalques de jogadores da NBA na Copa América e diz que comprometimento foi a senha para o sucesso com a Argentina


A prática de fechar os treinos da seleção brasileira masculina de basquete não chega a ser uma novidade entre os métodos de trabalho de Rubén Magnano. Quando treinava a Argentina, a rotina era parecida. A diferença é que, por lá, ele sempre esteve amparado por seus homens de confiança. Bastava um chamado do treinador, e lá estavam Manu Ginóbili, Luis Scola, Andres Nocioni e Fabricio Oberto. Com eles, Magnano levou os eternos rivais brasileiros ao ouro olímpico em Atenas-2004 e ao vice-campeonato mundial em Indianápolis, dois anos antes.  E os quatro escudeiros do comandante argentino atuavam na NBA, algo que, no caso brasileiro, tem cada vez mais motivado pedidos de dispensa de importantes jogadores da seleção.
Desta vez, não foi diferente. Enquanto uns ainda se recuperam de contusão, como Leandrinho e Anderson Varejão, que passaram por cirurgias complicadas recentemente, outros alegaram problemas particulares, como Nenê e Thiago Splitter, ou de contrato com seus times, como Lucas Bebê e Vitor Faverani. O fato é que mais uma vez Magnano não terá sua força máxima na Copa América de basquete, que começa nesta sexta-feira para o Brasil, contra Porto Rico, às 18h30min (horário de Brasília), em Caracas, na Venezuela.  O SporTV transmite ao vivo e o GLOBOESPORTE.COM acompanha a partida em Tempo Real.
treino de basquete da seleção brasileira na Venezuela (Foto: Marcello Pires)Rubén Magnano comanda o último treino da seleção brasileira antes da estreia (Foto: Marcello Pires)
O torneio, que ainda tem as participações de Argentina, Paraguai, Uruguai, Canadá, México, República Dominicana, Jamaica e Venezuela e mais três jogos nesta sexta-feira, classifica os quatro primeiros colocados para o Mundial da Espanha, no ano que vem. Atuais campeões mundiais, os Estados Unidos já estão classificados e por isso não jogam.
Solícito, mas sempre seco e direto em suas respostas, o treinador de 59 anos prefere apostar no grupo que tentará manter o Brasil como o único país, ao lado dos Estados Unidos, a participar de todas as edições até hoje, a lamentar as ausências. Inclusive, em nenhum momento, Magnano citou nomes ou criticou individualmente qualquer pedido de dispensa, mas, nas entrelinhas, deixou escapar seu descontentamento com tal situação.
- Se achasse que eles não são capazes de classificar o Brasil, eu teria que ser o primeiro a pedir dispensa também. Eu não me permito pensar em perder, e muito menos em não classificar a seleção brasileira para o Mundial. Acho que seria um passo para trás para o basquete brasileiro - afirmou o treinador, apontando o adversário de logo mais como uma das equipes mais bem preparadas para garantir uma das quatro vagas.
- Porto Rico tem uma equipe com jogadores importantes e com uma qualidade muito grande, mas não é tão superior assim em relação às outras equipes. Acho que tem oito seleções que estão num mesmo nível.
Confira a entrevista na íntegra
SPORTV.COM: Como o senhor tem encarado tantos pedidos de dispensa por parte dos principais jogadores Brasileiros desde que assumiu a seleção?
RUBÉN MAGNANO: Acho que não é uma reclamação do técnico Rubén Magano, mas de todos, uma vez que a seleção brasileira é que acaba sofrendo com esses problemas. Desta vez, tivemos várias situações diferentes. Atletas que ainda estão em recuperação, como é o caso de Leandrinho, Anderson Varejão e Marquinhos, alguns que alegaram problemas pessoais e outros por questões relacionadas com o futuro na NBA, e preferiram resolvê-los em vez de se apresentarem à seleção. 
Scola, Francisco Garcia e tantos outros jogadores que atuam na NBA estão aqui...
Acho que todas as seleções sofrem com isso, e não podemos esquecer que aqui temos alguns como Guilherme Giovannoni e Marcelinho Huertas que disseram presente à convocação como sempre fazem. Nesses últimos anos, estamos observando essa realidade de muitos pedidos de dispensa por parte de jogadores de outros países também, não somente dos brasileiros. Hoje, no basquete mundial, isso infelizmente é uma tendência. Não sei quais os motivos pessoais desses jogadores, mas sei que jogar na seleção de seu país implica em sacrifício, esforço e uma obrigação. Nem todos são capazes de suportar essa pressão.
Montagem, Varejão, Leandrinho e Nenê (Foto: Editoria de Arte)Anderson Varejão, Leandrinho e Nenê: trio fora da Copa América (Foto: Editoria de Arte)

Além de atrapalhar seu trabalho, essa atitude o deixa irritado?
Eu não me permito ficar decepcionado ou irritado. Mas seguramente terei que redobrar meus esforços para passar toda a confiança a eles em busca do nosso objetivo que é classificar para o Mundial. Os jogadores que estão conosco têm de estar motivados. É uma perda de tempo e uma bobagem muito grande ficarmos falando de quem não está aqui.
Você tinha esse problema quando treinava a seleção da Argentina?
No período em que dirigi a seleção argentina e conquistamos a medalha de ouro em Atenas-2004 e o vice-mundial em 2002 praticamente não tive problemas com pedidos de dispensas. Não posso avaliar o pensamento desses jogadores que não atendem as convocações, e sim elogiar a atitude daqueles que querem defender seus países. Nós encontramos um comprometimento muito grande dos jogadores argentinos no período em que dirigi a seleção. Acho que sem compromisso não conseguimos conquistar nada importante, seja em qualquer segmento da vida. Você pode chegar perto, mas nunca conseguirá alcançar algo importante e grandioso.
O senhor teve o mesmo problema no Pré-Olímpico e acabou convocando os medalhões para as Olimpíadas. Desta vez, sua decisão pode ser deixá-los fora do Mundial caso o Brasil se classifique?
O Brasil atingiu um patamar importante no cenário mundial e minha única preocupação é que o basquete brasileiro continue crescendo. Ganhamos quatro posições no ranking mundial e isso é muito importante. Vou avaliar cada situação individualmente e decidir na hora certa, pois está muito cedo para tomarmos uma decisão ou falar sobre isso agora. Existem jogadores com uma história importante dentro da seleção e isso precisa ser respeitado.
Com tantos problemas, essa foi a convocação mais difícil que o senhor teve que fazer?
Com certeza. O maior inconveniente foi ter ouvido deles que se apresentariam normalmente e depois não tê-los conosco na hora H. Isso foi a coisa que mais me deixou chateado. Não tive muito trabalho para decidir quem trazer, pois esses jogadores já estiveram em outras convocações e são capazes de defender a seleção.  É claro que deixei alguns fora, mas isso faz parte e é normal. Mas com tantas ausências, fica cada vez mais complicado.
Com todos os jogadores à sua disposição, o senhor acredita que o Brasil está entre as melhores seleções do Mundo na atualidade?O senhor teme que o Brasil fique fora do Mundial pela primeira vez na história e que esse grupo fique marcado por isso?
Se achasse que eles não são capazes de classificar o Brasil, eu teria que ser o primeiro a pedir dispensa também. Eu não me permito pensar em perder, e muito menos em não classificar a seleção brasileira para o Mundial. Acho que seria um passo para trás para o basquete brasileiro.
É impossível afirmar isso no momento em que temos esse tipo de atitude, com vários jogadores pedindo dispensa. Entraríamos na condição de conjugar o verbo no condicional, e eu não costumo conjugar verbos dessa maneira. Só acredito 100% naquilo que eu tenho em mãos. Temos que valorizar quem está aqui. Uso uma frase muito importante para economizar tempo e meu esforço. Não adianta eu ficar pensando em como seria nossa participação se tivesse esse ou aquele jogador aqui. Prefiro acreditar e passar toda minha confiança aos jogadores que quiseram estar conosco e estão aqui. Não gosto de usar essas ausências como desculpa. Desculpa é a coisa que mais atrapalha o planejamento de um trabalho.
Quais são os principais adversários do Brasil na Copa América?
Acho que a Copa Tuto Marchand, em Porto Rico, deu uma mostra grande do que pode acontecer aqui em Caracas. Porto Rico tem uma equipe com jogadores importantes e com uma qualidade técnica muito grande, mas não é tão superior assim em relação às outras equipes. Acho que temos oito seleções aqui que estão num mesmo nível. Porto Rico é um rival de muito peso, com jogadores experientes, e a Argentina possui um grupo novo, mas muito bem trabalhado e isso permitiu que eles crescessem como time. Já a Venezuela é a dona da casa, será um time complicado de ser batido, e estranhamente conseguiu naturalizar um americano a uma semana para jogar a Copa América. É um fato muito curioso para todos que estão aqui. Não existe a confirmação de que ele irá jogar, mas é o que estamos escutando pelos corredores. No entanto, um jogador não faz uma equipe. A Jamaica perdeu de apenas cinco pontos para o Canadá, no Canadá. Acho que apenas o Paraguai não tem muitas chances.
Basquete Marcelo Huertas Brasil e Canada Tuto Marchand (Foto: Samuel Vélez / FIBA Américas )Treinador brasileiro não gostou dos altos e baixos apresentados pela seleção durantes os jogos na Copa Tuto Marchand, em Porto Rico (Foto: Samuel Vélez / FIBA Américas )
Após a participação do Brasil na Copa Tuto Marchand, quais os erros que o senhor detectou que precisam ser corrigidos para a Copa América?
Tivemos muitos altos e baixos não só durante a competição, mas dentro das próprias partidas. Isso precisa ser corrigido porque não gostei. Precisamos ser mais consistentes durante os jogos. Não gostei da nossa defesa, sofremos sete, oito pontos a mais do que vínhamos sofrendo contra essas mesmas equipes em competições anteriores. Estamos sofrendo muito na luta pelos rebotes também. Temos que me melhorar nosso aproveitamento nesse fundamento.
Qual a maior virtude da seleção brasileira desde que assumiu o cargo de treinador?
O basquete do Brasil voltou a ser respeitado no mundo inteiro, e conquistamos a credibilidade do povo e do torcedor brasileiro novamente pela modalidade. Nós ganhamos um crédito a mais e temos que trabalhar em cima disso. Eu costumo dizer para os jogadores que eles servem como referência e um espelho para todos os meninos que querem jogar basquete no Brasil. Acho que esse é o maior legado do nosso trabalho.
Com o senhor acha que o basquete brasileiro chegará aos Jogos do 2016, no Rio?
Não acho que falte muito tempo. Três anos passam rápido. Tenho muita esperança de que nós possamos fazer um grande trabalho, mas vamos precisar de muito comprometimento por parte de todos fazem parte do basquete brasileiro. Cada um de sua maneira, no seu segmento e contribuindo com sua parcela.

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