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terça-feira, 25 de junho de 2013

Diogo Silva pede a cassação do presidente da CBTKD: 'Corrupto'

Com gestão investigada pelo COB, Carlos Fernandes nega acusações e rebate o medalhista de ouro no Pan 2007: 'Maior problema dele é a boca


Diogo Silva, atleta de taekwondo (Foto: Divulgação  )O combate está declarado no taekwondo brasileiro. De um lado, Diogo Silva, ouro no Pan de 2007, semifinalista nas Olimpíadas de 2004 e 2012, e desde o início do ano, reserva da seleção brasileira. Do outro, Carlos Fernandes, presidente eleito da Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTKD), e alvo de uma série de denúncias, como desvio de dinheiro público e desfiliação irregular de federações estaduais. Denúncias que levaram o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) a anunciar na semana passada a criação de uma comissão independente para apurá-las
Conhecido por seu viés crítico, Diogo Silva chama a gestão de Carlos Fernandes de “ditatorial”. Por ter se colocado ao lado de Marcelino Barros, vice-presidente da Federação Mineira de Taekwondo e autor das denúncias, Diogo diz que passou a ser perseguido, a ponto de ter a sua vaga para os Jogos de Londres, no ano passado, ameaçada. O atleta acusa o presidente de não saber gerir a entidade. Segundo ele, o dirigente teria se apoiado na verba da Petrobras, destinada diretamente aos atletas, para usar boa parte dos recursos da Lei Piva no pagamento de advogados usados na defesa das acusações. Um movimento de atletas batizado de “Mostre a Sua Cara” pretende destituir Carlos Fernandes do cargo e colocar um empresário para tornar a gestão da entidade profissional, além de pedir ao COB um maior rigor na fiscalização de todas as confederações olímpicas.

- Os presidentes das confederações fazem o que bem entendem. Queremos a cassação de um presidente corrupto, e caso o taekwondo vença, que se torne uma empresa nos moldes da confederação de rúgbi. A entidade vem sendo tratada como a extensão da casa de alguém. Tem que haver pessoas qualificadas, não amigos – disse Diogo ao GLOBOESPORTE.COM.

'Estamos ao deus-dará'
O lutador enumera uma série de problemas na CBTKD que, segundo ele, não vêm à tona por medo de retaliação: aumento das taxas de inscrição dos torneios, falta de apoio para treinos viagens e indefinição sobre a classificação para os Jogos Olímpicos de 2016. 
- Esse problema não é recente. Quando a Olimpíada saiu, achamos que era o nosso sonho, mas até agora não aconteceu nada. Faltam três anos para os Jogos e a gente não sabe como vai ser a classificação, onde vai treinar e qual vai ser a equipe multidisciplinar. Dos 32 atletas da seleção brasileira, 22 não têm ajuda de custo. Estamos ao deus-dará. Chegamos em um patamar que não tem como recuar. Os atletas foram submissos, não sabem a verdade sobre tudo – disse Diogo.

Aos 31 anos, o semifinalista dos Jogos de Londres perdeu a vaga de titular da seleção brasileira para 2013 na categoria até 68kg para Nicollas Pigozzi. Com o corte do número de bolsas da Petrobras, os reservas perderam o apoio da empresa, e Diogo teve seus vencimentos reduzidos pela metade – atualmente conta com a Bolsa Talento do governo de São Paulo e o soldo como atleta militar da Marinha, o que lhe rende R$ 3,3 mil por mês. Tira dinheiro de sua caderneta de poupança para ajudar a cobrir os gastos com treinamento.

- Poderia estar recebendo a Bolsa Pódio, mas a confederação pega a bolsa e não informa para a gente o que faz. Conseguimos tirar os coreanos da CBTKD depois de 20 anos. Acreditamos quando Carlos Fernandes disse que haveria diálogo com atletas. Até que vimos que, apesar de ser melhor do que antes, ele não tinha noção alguma de administração esportiva. Ele deu sorte com o apoio da Petrobras. Resolvi levantar a bandeira porque não teremos 2016 se não modificarmos o presente. Ou a gente levanta a voz ou grita ou a gente é engolido por esse sistema.

Carlos Fernandes: ‘Diogo calado é um poeta’
Carlos Fernandes é alvo de denúncias (Foto: Reprodução SporTV)Carlos Fernandes diz que aumentou bolsa de
Diogo: 'Ele é ingrato' (Reprodução SporTV)
Procurou pelo GLOBOESPORTE.COM, o presidente da CBTKD se mostrou surpreso com as declarações de Diogo Silva. Lembrou que elevou os vencimentos do atleta, a quem chamou de mentiroso e ingrato, e usou uma conhecida frase de Romário sobre Pelé:
- Isso tudo é mentira! Quero que ele prove isso! Está explicado por que ele não consegue patrocínio. Não tenho culpa se ele está perdendo. Ele quer ser o líder, mas tem que entender que o taekwondo está sob renovação. Na minha gestão, ele começou a perder. Agora ele começou a ver que surgiram revelações. Sempre falei que o maior problema dele é a boca. Ele é ingrato. Com boca fechada é um poeta – disse Carlos Fernandes.
O dirigente diz que ao assumir a presidência da entidade elevou a bolsa de Diogo Silva de R$ 600 para R$ 1.500, e posteriormente R$ 6.000, valor que deixou de receber este ano ao perder a titularidade da seleção brasileira. A entidade diz também que investiu R$ 200 mil do fundo das Confederações do COB em treinamento para que o atleta se preparasse para as Olimpíadas de 2012.
- Enquanto a Natalia Falavigna está focada nos treinos, ele está se metendo em política.  Por que ele não foi na confederação para conversar sobre isso? Ele nunca foi! Sou um ditador que renovou o salário dele. Ele tem que se preocupar em treinar. Ele está sendo usado pela oposição. Ninguém o está impedindo de entrar no ringue – disse Carlos Fernandes.

Entidade se coloca à disposição do COB
A respeito da indefinição da classificação para os Jogos de 2016, a CBTDK afirma que o prazo da Federação Mundial de Taekwondo (WTF, sigla em inglês) ainda não cessou. Sobre o uso dos recursos da Lei Piva para o pagamento de processos judiciais, a entidade afirma que a verba destinada a esse fim é justa e necessária, devido à complexidade que as modalidades olímpicas enfrentam em suas relações desportivas.Sobre a falta de noção em administração esportiva de sua gestão, um comunicado da entidade diz que em dois anos de mandato a CBTKD conseguiu resultados expressivos e a melhoria da estruturação da modalidade no país. O número de competidores nos torneios teria aumentado em 100%, passando de uma média de 500 para 1.000 atletas. Sobre o aumento das taxas nas competições, a entidade alega que, em comparação a outras confederações, os valores estão compatíveis. O aumento foi motivado pelo investimento em novas tecnologias e pelo custeio das despesas com árbitros, o que não ocorria no passado.
Quanto à comissão especial para apuração de possíveis irregularidades do COB, a CBTKD afirma que está à disposição para prestar esclarecimentos. Da mesma forma, a entidade em nada se opôs quanto à auditoria realizada por auditores independentes, também por solicitação do COB.

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